Lênin Landgraf
"Tomar um mate?"
Lênin Landgraf
Mestre em História
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Rayanne M. Villarinho
Doutoranda em História (PUCRS)
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No dia 24 de abril foi comemorado o Dia do Chimarrão no Rio Grande do Sul, data instituída pela Lei Estadual nº 11.929 de 20 de junho de 2003. Este dia marca a memória da fundação, em 1948, do primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG) - CTG 35 -, que faz referência ao ano de 1835, fim da Revolução Farroupilha, sendo uma forma de homenagear e demonstrar a importância do chimarrão como a bebida-símbolo da tradição gaúcha. No Rio Grande do Sul - terra de gente que se orgulha de suas tradições -, podemos citar o churrasco e o amor pelo futebol como características marcantes de região, mas nenhuma está acima do querido chimarrão.
Companheiro de muitos de nós no início da manhã ou ao final da tarde, o chimarrão, ou também chamado de bebida do mate, é considerado um dos principais elementos da cultura gaúcha e tem uma significativa importância social. Representa história, tradição, hospitalidade, sociabilidade, respeito, união... Afinal, é quase impossível encontrar um gaúcho que não tenha se reunido com amigos ou familiares para uma boa "roda de mate".
Historicamente, a erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma planta nativa da América meridional, mais especificamente da região oriental do Paraguai, nordeste da Argentina e sul do Brasil, e que integrava a vida dos indígenas Guarani da América do Sul, na região da Bacia do Rio da Prata, muito antes da chegada dos portugueses e espanhóis, sendo assim um legado indígena.
Os europeus, à medida que conviveram com os povos originários, incorporaram alguns de seus hábitos. Após descobrirem o Caá (em guarani), inicialmente proibiram seu uso por alegarem que a erva-mate tinha conexões diabólicas. No entanto, estas tentativas de proibição falharam e seu consumo se espalhou rapidamente no século 17, tornando-se um elemento básico na vida das pessoas do sul da América espanhola.
Mas como o chimarrão se tornou parte da cultura gaúcha? Isso aconteceu porque, historicamente, o excesso de churrasco gordo, mal passado e sem sal era algo rotineiro para os gaúchos. O sal era uma mercadoria de difícil transporte e acesso, logo, a erva-mate entrava como um aliado para facilitar a digestão, tornando-se item obrigatório e salutar na alimentação essencialmente carnívora dos habitantes dos pampas.
Conforme comprovado cientificamente, o consumo do chimarrão, traz muitos benefícios à saúde: reduz a pressão arterial, regula a circulação sanguínea e o sistema nervoso, combate o mau colesterol, além de ser uma bebida estimulante, contém cafeína, minerais e vitaminas, ajuda na atividade física e mental e, claro, promove bons momentos incríveis seja em casa ou não, em uma roda de amigos, família, reuniões, encontros, praças, parques, praias, noite ou dia, inverno ou verão, de fato, no Rio Grande do Sul é sempre rotineira a circulação de uma cuia de mão em mão.
Há algo na erva-mate que une as pessoas.
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